Ilza
Já encaminhei seu presente. Ele foi acompanhado do seguinte poema:
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente,
quero a realidade;
Quero as cousas que existem,
não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes;
quero pensar nelas como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias,
tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
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