Depois, também como todo ano, fui à procura de um poema ou letra de música para que, juntos texto e imagem criassem o contexto de meu desejo de ano bom.
Sempre consegui estabelecer um nexo simples entre os versos e a imagem. Este ano não foi possível. Depois de folhear todo Pessoa, todo Drummond, todo Borges, muito Neruda, um pouco de outros, descartei uma busca em Cecília e desisti. Por mais que tentasse mudar a escolha, um poema me perseguia. É o seguinte:
SANTA CLARA, clareai
Estes ares.
Dai-nos ventos regulares,
De feição.
Estes mares, estes ares
Clareai.
Estes ares.
Dai-nos ventos regulares,
De feição.
Estes mares, estes ares
Clareai.
Santa Clara, dai-nos sol.
Se baixar a cerração,
Alumiai
Meus olhos na cerração.
Estes montes e horizontes,
Clareai.
Santa Clara, no mal tempo
Sustentai nossas asas.
A salvo de árvores, casas
E penedos, nossas asas
Governai.
Santa Clara, clareai.
Afastai
Todo risco.
Por amor de S.Francisco,
Vosso mestre, nosso pai,
Santa Clara, todo o risco
Dissipai.
Santa Clara, clareai.
Há de certo algo mais fundo que pode unir a ilustração ao poema de Manuel Bandeira. Mas, mesmo sendo óbvio e pouco imaginativo, desejo a todos um ano de muita paz e aconchego e, apesar de todos os obstáculos, repleto de dias felizes.
SANTA CLARA, clareai!
José Antonio Küller
Um comentário:
José Antonio, talvez por te conhecer há tão pouco tempo, eu me surpreenda com cada postagem sua, sempre muito ricas em conteúdo e carregadas de sentimento. Não me enganei quando senti que o presente de amigo secreto não poderia ser impessoal. Acertei em cheio quando escolhi pensando: esse cara tem um lar, uma família, tive certeza disso ao ver a ilustração de sua esposa.
Abraços, Feliz Natal e Feliz Ano Novo!
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